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Cálculo projeta que mais de 1 bilhão de vacinas anti-Covid foram desperdiçadas

Especialista aponta que países desenvolvidos compraram doses maiores que o necessário e acabaram vencendo

Cálculo projeta que mais de 1 bilhão de vacinas anti-Covid foram desperdiçadas
Créditos: Towfiqu barbhuiya/Unsplash

Mais de um bilhão de vacinas contra a Covid-19 podem ter sido desperdiçadas. Segundo cálculos da consultoria de saúde Airfinity, de Londres, o desperdício é causado por estocagem incorreta ou doações de doses próximas do prazo de validade. 

O estudo aponta até 1,1 bilhão de doses – cerca de 10% de todas as injeções produzidas – foram desperdiçadas desde que as vacinas foram aprovadas no final de 2020. Quase 800 milhões foram desperdiçados nos primeiros seis meses deste ano. As estimativas da Airfinity são baseados em expectativas do governo, reportagens e previsões de produção.

A consultoria coletou os relatórios públicos de desperdício e expiração de vacinas em todo o mundo, que totalizam 158 milhões de doses, bem abaixo de sua estimativa. A maioria desses relatórios oficiais não especifica que tipo de vacina foi descartada. Dentre a descartada está a vacina russa Sputnik V, com mais de 25 milhões de doses não utilizadas. Em seguida, a AstraZeneca diz ter 19 milhões de doses desperdiçadas.

Países desenvolvidos controlam a compra de vacinas

O analista principal da Airfinity, Matt Linley, disse que uma causa significativa foi a doação de doses com prazos de validade curtos para países em desenvolvimento.

Uma das maiores coisas relatadas é que os países recebem doações que chegam muito tarde, muito perto do vencimento, então não têm tempo para usá-las”, disse.

Os países desenvolvidos compraram bilhões de doses com seus contratos iniciais, deixando a iniciativa Covax – criada para garantir que as vacinas Covid cheguem às pessoas mais pobres do mundo – lutando para obter entregas suficientes no ano passado. Muitos países ocidentais doaram suas doses de reforço após perceberem que não tinham demanda suficiente. Quando mais doses chegaram no início deste ano, os governos dos países em desenvolvimento muitas vezes enfrentaram a resistência de uma parte da população em se vacinar.

Se essas doses tivessem chegado a esses países desde o início, a absorção poderia ter sido muito maior”, explica Linley, justificando que as pessoas muitas vezes já haviam construído imunidade natural à infecção e não estavam tão interessadas em serem vacinadas.

Ele acrescentou que outros problemas incluíam doses armazenadas na temperatura errada, o que era particularmente importante para vacinas de mRNA que inicialmente exigiam armazenamento ultrafrio e não sendo capaz de extrair doses suficientes de cada frasco. Frascos maiores foram adotados como forma de distribuir vacinas com eficiência na fase aguda da pandemia, mas estão sendo substituídos por seringas pré-cheias.

Via: Financial Times