Nas últimas semanas você deve ter visto na internet o termo “Ratanabá”, nome dado a uma suposta cidade perdida na Amazônia. Apesar de essa teoria ter ganhado corpo nos últimos meses no YouTube e outras redes sociais, não há nenhum indício científico de que essa história seja verdadeira.
A origem dessa teoria já foi identificada. Trata-se de um conteúdo veiculado pela Dakila Ecossistema, organização liderada por Urandir Fernandes de Oliveira – que ficou conhecido no Brasil após o caso do ET Bilú, em 2010. Além de os fatos não terem nenhuma comprovação científica, as datas apresentadas também são improváveis.
Ratanabá: a cidade perdida na Amazônia
De acordo com a informação divulgada pela Dakila Ecossistema, a cidade perdida de Ratanabá seria uma civilização submersa, localizada na Amazônia Brasileira, em algum ponto entre os estados do Pará e Amazonas. Para Urandir, haveria uma rota de túneis subterrâneos que se estendem por toda a América do Sul ligando outras regiões a essa cidade.
A Dakila Ecossistemas defende ainda que essa cidade teria sido a primeira capital do mundo, há 450 milhões de anos, e teria sido fundada pela civilização Muril, supostamente os primeiros habitantes da Terra há 600 milhões de anos.
A tese defendida por eles diz ainda que a entrada para os túneis estaria escondida no Forte Príncipe da Beira, localizado no município de Costa Marques, em Rondônia. A localização, inclusive, seria o ponto central de três pirâmides.
Por fim, Urandir Fernandes de Oliveira afirma que pesquisadores sobrevoaram a floresta amazônica para mapear a região utilizando a tecnologia LiDAR (Light Detection and Ranging), capaz de obter imagens de áreas que estariam escondidas pela vegetação.
Por que a teoria de Ratanabá não faz sentido?
Comecemos pela suposta data de fundação da cidade. De acordo com a ciência, os dinossauros foram extintos há cerca de 65 milhões de anos, com os primeiros registros deles datados há 230 milhões de anos. Os primeiros hominídeos que se tem registro habitaram a Terra há cerca de 2,4 milhões e 1,5 milhão de anos. Sendo assim, a existência de uma cidade há 450 milhões de anos é completamente improvável.
E mais: as imagens que mostrariam a suposta cidade subterrânea são verdadeiras, mas não foram capturadas pela equipe de Urandir e nem se encontram no Brasil. Pesquisadores alemães utilizaram a tecnologia na Amazônia boliviana e confirmaram a existência de estruturas ocultas sob a vegetação. Porém, essas cidades são da época pré-colonial, ou seja, pouco antes do século XVI.
Por fim, pesquisadores e historiadores que estudam a região do Forte Príncipe da Beira são categóricos em afirmar que não existe nenhuma passagem ou túnel como o que foi mencionado pela equipe de Urandir. A notícia, portanto, não tem embasamento algum e não há nenhuma prova capaz de colaborar para que essa hipótese tenha ao menos algum sentido.
Urandir Fernandes de Oliveira é também o “pai” do ET Bilú
“Busquem conhecimento”. Em 2010, uma reportagem publicada pelo programa de TV CQC, na Band, levou o então repórter Danilo Gentili para entrevistar o extraterrestre ET Bilú. As imagens foram registradas com uma câmera infravermelha e mostravam alguém com fisionomia humana e máscara no meio da mata. À época, a própria equipe do CQC questionou que quando ET Bilú aparecia, curiosamente Urandir, que estava por trás da descoberta, desaparecia.
Urandir mantém o Projeto Portal, uma organização que acredita que a terra é plana (convexa, para ser mais exato), e não redonda. Em 2009 ele chegou a ser acusado de estelionato e falsidade ideológica. Ufólogos ligados à revista UFO, uma das principais publicações do gênero no país, destacam que não há credibilidade em suas teorias.
Em resumo: não há comprovação científica alguma de que essa teoria possa ser verdadeira. Porém, pelo tanto de vezes que o boato circulou nos últimos meses, é bem provável que muitas pessoas tenham levado a história a sério – e infelizmente ainda veremos muita desinformação a respeito dela por aí.
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Fonte: O Povo, MidiaMax, Tilt, O Liberal, Revista UFO