Google anuncia que limitará compartilhamento de dados no Android

O Google confirmou planeja desenvolver novas medidas de privacidade que impedem a capacidade de rastrear usuários em aplicativos nos dispositivos Android. O projeto chamado "Privacy Sandbox" está ativo há alguns anos, mas agora deve ativar de forma mais incisiva. Ele limitará os dados partilhados com outras aplicações de terceiros, dificultando o trabalho aos anunciantes quando estes criam perfis de utilizadores para fins de publicidade direcionada.

O Google também informou que está explorando tecnologias que reduziriam o potencial de coleta de dados de um usuário sem o conhecimento. Apesar disso, o anúncio não trouxe detalhes de como o novo sistema irá funcionar. Mesmo assim foi o suficiente para mexer com o mercado financeiro. As ações da Meta (FB), Snap (SNAP), Twitter (TWTR) e Pinterest (PINS), caíram todas no início das negociações na última quarta-feira (16) após o anúncio.

A Privacy Sandbox tinha como foco o desenvolvimento dos polêmicos substitutos dos cookies, chamados FLoC (Federated Learning of Cohorts) e criticados por fazer uma coleta de dados ainda maior do que a atual, embora sem identificar individualmente cada usuário como ocorre hoje. Em razão disso, a empresa anunciou a API Topics, uma ferramenta que permitirá identificar o perfil de consumo na máquina local, sem precisar de processamento na nuvem.

Críticas a Apple

As empresas que sofreram com ações em queda já tiveram esse problema em 2021 com a mudança de política na Apple. A empresa da maçã implementou mudanças na atualização do iOS 14.5 visando dar maior privacidade e controle sobre seus dados. A mudança – que dá aos usuários a opção de não permitir que os aplicativos rastreiem seu comportamento – contribuiu para um declínio de mais de US$ 200 bilhões no valor de mercado da Meta depois que ela divulgou resultados no início deste mês.

A ação foi criticada indiretamente por Anthony Chavez, vice-presidente de gerenciamento de produtos para segurança e privacidade do Android. No texto, disponível no blog do Google, Chavez deixa a seguinte cutucada:

“Acreditamos que — sem primeiro fornecer um caminho alternativo de preservação da privacidade — tais abordagens podem ser ineficazes e levar a resultados piores para a privacidade do usuário e empresas de desenvolvedores”, disse. "Nosso objetivo (...) é desenvolver soluções publicitárias eficazes e que melhorem a privacidade, para que os usuários saibam que suas informações estão protegidas e que desenvolvedores e empresas tenham as ferramentas para ter êxito nos dispositivos móveis", completou.

Além disso, o porta-voz da Meta, aprovou a ideia do Google. Para isso, ele apontou para um tweet de Dennis Buchheim, vice-presidente do ecossistema de publicidade da empresa. “Animador ver essa abordagem colaborativa de longo prazo para a publicidade personalizada de proteção à privacidade do Google”, disse Buchheim.

Vale lembrar que este anúncio ocorre no momento em que o Google e outras grandes empresas de tecnologia enfrentam crescente análise regulatória por assuntos de privacidade e outras questões.

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